sábado, 6 de outubro de 2012

Lobo bobo






“Era uma casa muito engraçada, não tinha porta, não tinha nada”... Também não morava lá nenhuma vovó. E assim, o lobo percebeu a troca de endereços. Quis se esconder, mas era tarde demais! A casa vermelha o encantara. Era toda decorada com sentimentos. Ali, na ante-sala do coração, o lobo mau percebeu o quanto era bobo. Hoje em dia, quando se ouve um uivo em noite de lua cheia sabe-se que é mais um lobo espalhando poesia em sua cantiga de amor.

Lou Vilela

Cadê o dono?




Para Pedro Henrique


De quem é o sino?
É da mimosa
- Vaca charmosa.

E a coleira?
É do radar
- Cão de guarda espetacular.

E o carrinho?
É do João
- Amigo-irmão.

E a boneca assanhada?
É da Maria
- Menina-alegria.

E o chapéu?
É do valente cowboy
- Meu herói.

E o avental?
É da sublime poesia
- Meu anjo-guia.

E o amor?
É chocolate quente
Aquece o coração de toda a gente.


Lou Vilela
Recife, 29/06/08.


A menina buliçosa



 Para Rosinha




a menina buliçosa
olhou, mexeu, sentiu
aprendeu o segredo das coisas
pulou, dançou na lousa
tanto fez que conseguiu
desabrochou como rosa.


Lou Vilela
Recife, 14/07/09


A princemiga e a formicesa



  
Para Rose e Taci








A formicesa trabalhava 
dia e noite, noite e dia. 
A princemiga se enfeitava, 
comia e dormia. 
A princemiga em um dia de sol, 
seguiu a formicesa... 
“tão pequenininha, carregando a comida.” 
Sentiu um orgulho imenso, com ela aprendeu. 
O tempo passou, a princemiga cresceu. 
Mudou tanto que ficou 
com jeitinho de formicesa. 
E não é que a princemiga 
tinha ficado mais linda? 

Lou Vilela 
Recife, 29/06/08


Ritmos e rimas


Ciranda, Antonio Poteiro



Vista um sorriso colorido
Venha pra rua brincar
Escolha o ritmo da dança
A rima pode inventar

Escolhi uma ciranda
Ciranda vem cirandar
Na roda da Lia* ou  na minha
O que importa é dançar

O menino de azul
De tímido, nada tem
Escolheu o maracatu
E chamou-me de meu bem

A professora Filó
Entrou na brincadeira
Escolheu o carimbó
E balançou as “cadeiras”

O filho de Sr. João
Comeu, encheu a pança
Pra dançar bumba-meu-boi
Tem que ter muita sustância

Com gaita e bombacha
O gaúcho surgiu
Sapateando a chula
A turma aplaudiu

Vamos? É a sua vez
Dance, rime à vontade
Do Oiapoque ao Chuí
Não importa a idade



Lou Vilela
Recife, 15/02/09.


* Cirandeira de Itamaracá, ilha perto de Recife. Maria Madalena Correia do Nascimento ou Lia, como é conhecida, canta e compõe desde a infância. Seu repertório inclui coco de raiz e loas de maracatu, além de cirandas.